Fechamento de um ciclo

O projeto “Móbile na Metrópole” está chegando ao seu fim. Certamente, podemos dizer que todo o percurso pelo qual passamos até chegarmos onde estamos hoje valeu a pena. Ao concluirmos o mini-documentário, ficamos muito contentes e todo o cansaço e trabalho que tivemos foi recompensado, principalmente por termos crescido como pessoas, ao longo do ano.

A livre escolha do tema foi fundamental para que tivéssemos a possibilidade de falar sobre o tema que queríamos: pessoas invisíveis. Além de ser algo do nosso interesse, possibilitou que adquiríssemos conhecimentos que vão além do que aprendemos na escola. Se os temas fossem pré determinados pelos professores, o envolvimento que tivemos com o trabalho não seria o mesmo, sendo a possibilidade de escolha um dos pontos cruciais para o sucesso do projeto.

Desde o início do MNM, passamos a refletir e perceber pessoas que muitas vezes ignorávamos nas ruas. As pesquisas e entrevistas, de modo geral, causaram uma mudança em todas nós, uma vez que a forma como enxergávamos essas pessoas mudou e passamos a reconhecê-las  pelo fato de exercerem trabalhos essenciais para o funcionamento da cidade. A conversa que tivemos com Fernando Braga da Costa foi uma das mais marcantes, posto que aprendemos muito e esclarecemos nossas dúvidas sobre a invisibilidade pública.

Como já dissemos anteriormente nossa relação com a cidade em si realmente mudou. O medo que tínhamos de andar nas ruas, usar transporte publico, conversar com estranhos, teve que ir embora. Dizemos que “teve que ir” porque para a realização das entrevistas e durante o estudo do meio, tivemos que superar certas inseguranças, já que tudo dependia de nós mesmas, desde preparar as perguntas até ir ao local da entrevista e conversar com pessoas que nunca tínhamos visto.

Com toda a certeza, a ajuda e enorme envolvimento dos professores ao longo de todo o ano foi de grande importância para que pudéssemos encaminhar o projeto da melhor forma possível. O auxílio oferecido a nós, que ia desde pequenos ajustes técnicos até a execução de textos mais densos, foi muito importante para o grupo. No 1º bimestre, tivemos um retorno em vídeo que nos ajudou muito a melhorar nosso blog e, por isso, gostaríamos de ter recebido um feedback mais frequente, de modo a tornar o Pessoas Invisíveis cada vez melhor.

O blog foi uma fonte única e muito favorável para registro, pesquisa e comunicação durante o Mobile na Metrópole. Gostamos muito de aprender a mexer nessa plataforma que, antes, nenhuma de nós conhecia e esse aprendizado também será levado para o resto da vida. O fato de alguns posts serem direcionados, obrigatórios, é bom por um lado, pois garante que todos se mantenham organizados, ativos e envolvidos ao longo do ano. Entretanto, algo que o grupo sentiu foi que alguns dos posts exigidos pareciam um pouco artificiais, ou seja, talvez não fossem postados em um blog que não fizesse parte de um projeto escolar. Entendemos que alguns posts, como os dos comentários em outros blogs, são necessários para maior organização das atividades, porém achamos que eles impedem uma maior naturalidade na elaboração e desenvolvimento do blog.

Agora, já nos últimos momentos de Móbile na Metrópole, e também de segundo ano do Ensino Médio, nos demos conta de que estamos diante do fechamento de um ciclo. Gostaríamos de agradecer imensamente professores, coordenadores, auxiliares e todos os responsáveis pelo projeto e que nos deram a incrível oportunidade de fazer parte disso. Podemos dizer que somos gratas pela oportunidade que o projeto nos ofereceu durante o ano todo de conhecer uma nova maneira de ver São Paulo e de estar sempre aberto para a receptividade de novos temas, ideias e, principalmente, pessoas.

Gabriela, Heloisa, Lyvia e Stella

Um dia como pessoa invisível

Como vocês já devem saber, durante o processo de construção do nosso mini documentário, resolvemos viver uma experiência como pessoas invisíveis, com o objetivo de sentir na pele o fenômeno que tanto estudamos ao longo de todo o ano. Foi um pouco complicado decidir qual tarefa faríamos, pois varias delas apresentavam diversas limitações. Decidimos, por fim, passar um dia como “entregadoras” de panfletos, profissão que é muitas vezes banalizada e ignorada por muitos moradores de São Paulo.

Para isso, criamos um panfleto que, além de divulgar o projeto e o blog, trazia uma frase simples e acessível, explicando o que são as chamadas “pessoas invisíveis”.

PANFLETO

Decidimos que um bom lugar para começar a entrega seria a Avenida Faria Lima, pois é muito movimentada na hora do almoço e pessoas de classes sociais mais altas circulam por esse espaço, sendo que queríamos capturar a reação delas diante de nossa presença. No dia, vestimos roupas simples – calça jeans e camiseta branca – e também um boné, para tentar ser o mais discretas possível.

Antes de entregar os panfletos, não acreditávamos que seríamos tão ignoradas como fomos. Além disso, esperávamos que algumas pessoas fossem conversar com a gente a respeito do blog, o que não aconteceu. Ou seja, as nossas expectativas foram bem diferentes do que realmente ocorreu.

Em nossa conversa com o psicólogo Fernando Braga da Costa, perguntamos se havia alguma solução para o problema. A resposta dele foi a vivência. Todos os moradores da cidade deveriam passar um período trabalhando como garis, faxineiras, ascensoristas e diversas outras profissões para que, dessa forma, passassem a valorizar e respeitar esses profissionais.

Através da experiência conseguimos sentir, de maneira mesmo que um tanto superficial, o que essas pessoas passam cotidianamente. Porém, uma coisa é viver isso apenas por algumas horas e outra, completamente diferente, é passar por isso todos os dias.

Gabriela, Heloisa, Lyvia e Stella

Se pudéssemos voltar no tempo…

Durante o Móbile na Metrópole, realizamos diversas pesquisas, entrevistas, filmagens e visitas, as quais foram aproveitadas na elaboração do nosso documentário. Ao longo do projeto, passamos por situações boas e ruins, através das quais pudemos perceber o que teríamos feito de diferente se pudéssemos voltar no tempo.

O grupo visitou a Reciclázaro, ONG que serve como abrigo para mulheres e crianças. Fomos muito bem recebidas pelas administradoras e psicólogas da instituição e passamos um bom tempo conversando, tanto com elas, quanto com as moradoras. Foi muito interessante, pois, sozinhas, entramos em contato com uma realidade totalmente diferente da nossa, o que só tinha acontecido antes durante os 3 dias de estudo de meio. Apesar disso, trechos muito pequenos das entrevistas foram utilizados no nosso documentário, o que nos fez perceber que, talvez, não tivéssemos nos preparado muito bem para a visita. Concluímos que seria mais proveitoso ainda se chegássemos ao local com perguntas melhor estruturadas e mais voltadas para o tema do nosso trabalho.      

Algo que certamente teríamos feito com maior qualidade são as entrevistas feitas durante os 3 dias de estudo do meio, pois, ao editarmos, percebemos que havia vários ruídos e interrupções feitas por nós mesmas durante a fala dos entrevistados.

Além disso, por mais que vocês ainda não tenham assistido ao nosso mini doc, ao fazê-lo, verão que nós passamos um dia como pessoas invisíveis, entregando panfletos na rua. A experiência foi realmente produtiva e nos fez sentir na pele que o fenômeno realmente existe, porém, se tivéssemos mais tempo e nos preparado com mais antecedência, gostaríamos de ter entregado os panfletos em diferentes pontos de SP para verificar se seríamos tratadas do mesmo modo nos diversos locais. Também enfrentamos um probleminha no meio da execução: a bateria da nossa câmera acabou. Ou seja, se fosse possível voltar, com certeza levaríamos mais de uma câmera, pois tivemos que filmar com o celular, que tem menor resolução, partes importantes do dia, como o momento em que fomos expulsas pelos seguranças da frente do do Shopping Iguatemi.  

Confessamos que não foi tão fácil encontrar coisas que faríamos diferente, o que achamos que é um bom sinal! Mas, apesar dos problemas enfrentados, conseguimos vencer as dificuldades, o que permitiu que obtivéssemos um ótimo documentário! Mal podemos esperar para divulgá-lo a todos vocês!

Gabriela, Heloisa, Lyvia e Stella

O que de fato aconteceu – por Heloisa

 O fato é que seria lindo eu chegar aqui e falar que tudo mudou e agora eu sou uma nova pessoa. Que agora eu saio andando sempre por ai pela cidade ou que eu só uso transporte público. Eu continuo indo de carro pra escola, pelo menos na grande maioria das vezes. Apesar disso, eu posso dizer, com toda certeza, que alguma coisa mudou em mim naqueles 3 dias. Naquele momento, eu senti que eu sai da bolha, e que eu posso sair dela. Agora vai o desabafo: o problema é que é difícil ter tempo pra isso, a gente cai na rotina casa-escola-casa-clube-casa e é quase impossível sair. Mesmo assim, eu sei que tem alguma coisa diferente. O Estudo do Meio me marcou, tanto que quase 6 meses já se passaram e eu ainda lembro da nossa experiência com muito carinho.

   Agora sobre nosso tema, pessoas invisíveis. Eu e minha irmã ouvimos dos nossos pais, desde muito pequenas, que precisamos ser educadas, cumprimentar quem passa pela gente. Isso sempre foi um hábito pra mim. Mas apesar de olhar e dizer “bom dia”, eu não enxergava de fato algumas pessoas. Nosso trabalho em São Paulo, permitiu que olhassemos mais afundo para algumas pessoas e saber o que é viver nessa cidade pra elas. Foi muito importante pra mim conhecer essas realidades tão diferentes da minha, sei la, eu penso duas vezes antes de reclamar que minha mãe atrasou pra me buscar, quando eu poderia estar esperando no ponto por um ônibus super lotado.

Heloisa

Depois de conhecer as pessoas invisíveis – por Gabriela

É fato que durante o Estudo do Meio pude conhecer muitos lugares, que não visitaria se não fosse pela “viagem”. Mesmo assim, o que mais mudou para mim depois desses três dias e devido ao projeto do Mobile na Metrópole foi a minha relação com as pessoas que fazem parte da cidade. Acredito que isso aconteceu, devido ao fato de eu ter entrevistado pessoas que vivem uma realidade muito diferente da minha durante o processo de construção do mini documentário.

Durante as entrevistas pude conhecer de maneira mais profunda várias pessoas que são atingidas pela invisibilidade pública. Os sofrimentos vividos por elas, que sofrem com esse fenômeno e que possuem empregos pouco valorizados, mas que são muito árduos, assim como as suas alegrias, que muitas vezes estão associadas aos filhos, que fazem faculdade e pretendem ter um emprego diferente dos pais. Depois de ouvir as histórias dessas pessoas, passei a enxerga-las de uma maneira totalmente diferente e valoriza-las muito. Com certeza a maneira como eu enxergo o outro mudou completamente eu simplesmente passei a enxerga-lo.

Gabriela

Eu e SP – por Stella

Agora, parando pra pensar em como o projeto me transformou, consigo listar diversas coisas. Uma delas foi minha relação com a cidade de São Paulo, especialmente com os próprios paulistanos.

Posso dizer os 3 dias de Estudo do Meio foram muito importantes para que eu me sentisse mais como parte integrante da cidade. Parte do medo que eu tinha de andar na rua e de conversar com desconhecidos foi embora porque eu realmente vivi experiências que me mostraram que não há tanto motivo para isso. Essa foi uma mudança muito importante, tanto para minha vida quanto para o próprio trabalho que realizamos durante todo o ano. Se não fossem esses três dias, talvez eu e as meninas não tivéssemos coragem de deixar nossa zona de conforto e sair por SP conversando com pessoas que nunca tínhamos visto. 

Quanto ao Mobile na Metrópole como um todo, acho que, muito por conta de nosso tema, eu passei a enxergar muito mais as pessoas e a condenar certos comportamentos que, antes, nem era percebidos. Hoje, não consigo ignorar alguém que presta um serviço só porque seu trabalho não é tão valorizado socialmente, as denominadas “pessoas invisíveis”, porque já ouvi delas o que elas passam, já vi trabalhos teóricos sobre o fenômeno e, inclusive, já senti na pele como é passar por “invisível”, entregando panfletos. Essa imersão total ao fenômeno tão presente na cidade de São Paulo me fizeram aprender algo que levarei para toda a vida.

Pôr do sol em SP

Pôr do sol em SP

Transformações – por Lyvia

Hoje vou falar um pouquinho sobre as mudanças que o projeto provocou em mim.

Primeiro, em relação aos três dias imersa em São Paulo, posso dizer que a minha relação com a cidade mudou. Já fiz um post contando sobre os momentos mais marcantes e sobre o roteiro de cada dia, porém, agora, posso acrescentar que, realmente, há muita coisa interessante fora dos bairros que eu frequento. Não é por ser mais distante que não possui pessoas e lugares muito legais! Além disso, aprendi a andar de transporte público, o que é fundamental para alguém, que, como eu vive no espaço urbano.

Em relação ao Móbile na Metrópole como um todo, acredito que passei a ver as relações entre as pessoas no espaço urbano de uma forma totalmente diferente. O que antes era natural para mim, como ignorar alguém que entregava panfletos, se tornou uma situação quase impossível de ser reproduzida novamente, devido a todo o trabalho que tivemos envolvendo as “pessoas invisíveis”.

Ademais, as entrevistas realizadas possibilitaram a concretização das ideias que promovemos e também a aquisição de novos conhecimentos e pontos de vista.

Portanto, posso dizer que o projeto só trouxe transformações positivas, assim como novos conhecimentos para mim!

Lyvia

Aprendizados com o doc – Heloisa

Oi gente, faz tempo que eu não apareço por aqui…

Apesar de ainda não estar postado, nosso mini doc já está pronto! Acredito que, pelo menos pra mim, a execução do mini documentário foi muito mais do que editar um trabalho para a escola, posso dizer que os momentos que envolveram a coleta de material foram bem marcantes para todas nós. Cruzamos quase a cidade inteira para conseguir realizar boas entrevistas e nos deparamos com realidades completamente diferentes da nossa. Isso aconteceu quando visitamos a Reciclazzaro e tivemos a oportunidade de conversar com algumas das mulheres que moram no abrigo. Eu não fui propriamente a responsável pela completa edição do vídeo, mas todas nós de alguma maneira participamos, e eu pude aprender algumas técnicas e ajustes de som e cortes. Certamente, a elaboração do trabalho final não foi nada fácil, foi bem estressante inclusive, mas de maneira geral, posso dizer que estou muito satisfeita e orgulhosa de nossa produção final que em breve estará ao ar! Espero que tenham a oportunidade e ver e nos contar o que acharam!

Heloisa

Aprendizado via mini-doc – por Stella

Oi, pessoal! Como vocês estão? Estou passando aqui para falar um pouquinho sobre a minha impressão particular sobre nosso mini-doc. Sei que é um pouquinho esquisito falar dele sem que ele tenha sido compartilhado com vocês, mas logo logo ele será, e espero que vocês vejam esse post como um incentivo a mais para assistí-lo.

Confesso que depois das ferias de julho, quando caiu a ficha que a gente realmente teria que produzir um documentário, fiquei completamente desesperada. Como vocês puderam ver nos nossos posts la no comecinho do ano sobre o que sabíamos desse gênero, não sabíamos praticamente n a d a.

Durante um mês, grande parte dos nossos pensamentos e energias eram dedicados a ele. Foi muito trabalhoso mesmo! Rodamos SP atrás de nossos entrevistados especiais: fomos parar no bairro de Belém, na 23 de Maio, no centro da cidade. Essa parte foi muito difícil, pois tomou bastante tempo e exigiu dedicação de todas. Fizemos tudo com o objetivo de valorizar e melhorar nosso mini-doc, porém, depois, percebemos que cada pessoa com que conversamos tinha algo de muito importante a acrescentar, não só ao filme, mas também as nossas próprias vidas.  

Em especial, a entrevista com o psicólogo Fernando Braga da Costa, de quem já tanto falamos aqui, foi, para mim, como um “fechamento” para o projeto. Ele condensou todas as ideias, pensamentos e fatos que analisamos e entramos em contato durante todo o ano e foi realmente transformador. Eleger os poucos minutos de entrevista que apareceriam no documentário foi uma das partes mais complicados, pois tudo que ele nos contou foi realmente muito incrível . (Pretendemos, inclusive, fazer um post com a integra da entrevista).

Outro aprendizado que a produção do documentário me proporcionou foi o cuidado com os detalhes. Desde a trilha sonora até os cortes: tudo é relevante e transforma o que está sendo dito.  Durante a edição cuidamos, ao máximo, para que nada passasse despercebido e para que os mínimos detalhes tivessem uma importância.

Eu e as meninas ficamos extremamente felizes com o resultado final do projeto: nosso mini-doc. Ele realmente traduz o que nós tanto estudamos e aprendemos esse ano e o que nós queremos transmitir para todos vocês. A satisfação que senti ao ver ele prontinho foi enorme e a sensação de, finalmente, conseguir colocar todos os nossos desejos e pensamentos na forma de vídeo foi muito gratificante!